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O afecto dos funcionários dos lares de infância e juventude faz toda a diferença

O afecto dos funcionários dos lares de infância e juventude faz toda a diferença

Catarina Pinheiro Mota, psicóloga clínica e professora auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, estuda a importância do afecto no desenvolvimento dos adolescentes em risco. Estuda há mais de dez anos a importância do afecto no desenvolvimento dos adolescentes. Começou por comparar famílias tradicionais com famílias divorciadas e famílias distribuídas por instituições. Chegavam-lhe à consulta, num centro de saúde de Chaves, miúdos tomados pelo sentimento de perda, de abandono, de solidão. Parecia-lhe importante que os adultos que os recebiam estivessem preparados para acolher a revolta deles, respondendo-lhes com estabilidade, afecto. Seriam capazes? Percebeu que pouco se investiga em Portugal sobre a forma como crianças e jovens são acolhidos nos lares de infância e juventude e sobre o papel dos cuidadores. No pós-doutoramento que está a desenvolver no Centro de Psicologia da Universidade do Porto, esta professora auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro já ouviu 402 adolescentes internados em 25 instituições do Norte, do Centro e do Sul do país e 119 cuidadores. Ainda acontece não se explicar aos miúdos por que tiveram de sair de casa? Agora, as equipas tentam trabalhar nesse sentido. Antigamente, não. Cheguei a atender meninos que sistematicamente fugiam para casa. Muitas vezes, não compreendiam o porquê de terem sido retirados à família. Esta questão é importantíssima na adaptação. Acolher não é só atribuir um quarto, explicar como funciona a instituição, também é ajudar a perceber o que aconteceu. Se não houver uma bom acolhimento, a possibilidade de rejeição é grande. Este é um contexto em que os adolescentes não escolheram estar e que às vezes até encaram como um castigo. Há abuso...