A obesidade infantil parece estar a estabilizar em Portugal, mas as crianças aos dois anos já têm consumos alimentares pouco saudáveis. Por isso é preciso actuar nos jardins de infância, sublinha o director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), Pedro Graça. No Dia Mundial da Alimentação, que se celebra esta sexta-feira, o nutricionista faz um balanço positivo dos mais de três anos e meio deste programa prioritário da Direcção-Geral da Saúde (DGS), mas admite que ainda há muito a fazer num país em que mais de metade da população adulta tem peso a mais ou sofre de obesidade.
Apesar da alteração de paradigma – “o excesso de peso passou a ser percepcionado como um problema de saúde” -, e mesmo sabendo que a alimentação inadequada é a determinante que mais anos de vida saudáveis rouba aos portugueses, na prática não parece ser fácil “transformar isto em acção”, lamenta.
A boa notícia é a de que as três mais recentes avaliações efectuadas na população em idade escolar (seis/oito anos) – 2008, 2010 e 2012/13 – indicam que há “um abrandamento e estabilização da obesidade”, apesar de continuarmos com uma das prevalências mais elevadas da Europa. Assumindo que esta estabilização é um dos indicadores “mais gratificantes”, Pedro Graça nota que é preciso deixar passar mais tempo.
A cautela entende-se. Os resultados de recentes estudos conduzidos por duas equipas de investigação (da Universidade Católica e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto) permitiram perceber que em idades precoces (dois, três anos) as crianças já “têm consumos alimentares nada saudáveis”, frisa. Aos dois anos, por exemplo, “17% já consome bebidas açucaradas, sobremesas e doces diariamente”.
Mas se o açucar é um tóxico, um dos “quase venenos” a evitar, o sal é o outro grande “inimigo”, enfatiza. Nestas idades, em “87%” dos casos estudados encontraram-se valores acima do máximo tolerável de sódio (cinco gramas por dia).
Aproveita, a propósito, para chamar a atenção para um acordo que passou quase despercebido, por ter sido assinado poucos dias antes das eleições legislativas, entre as associações de empresas de distribuição, de consumidores e de restaurantes e vários ministérios. Comprometeram-se a, durante o próximo ano, reduzir em 4% a oferta de sal e ir diminuindo este valor gradualmente até chegar a 5 gramas/dia em 2025 (agora é de 11 gramas/dia). (PÚBLICO, 2015)
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